Em dias de isolamento, em que parece que todos os nossos planos caíram para terra, é bom lembrar que Deus sempre usou tempos de isolamento e deserto, tanto para formar o caráter do seu povo, como aproximá-lo a Ele e para produzir frutos como só Ele poderia fazer.
Como você encara momentos de solidão, confinamento e deserto? Como uma perda de tempo, ou uma oportunidade inédita a ser redimida? Como um desvio nos planos da sua vida, ou uma intensificação da formação do seu caráter no Seminário da Vida? Como uma interrupção, ou como uma pausa antes de uma grande safra em e através da sua vida?
Deus forma seu povo no isolamento. Deus prepara seus líderes no deserto. Podemos até afirmar que DEUS NÃO USA LÍDERES QUE NÃO PASSARAM POR DESERTOS DE ISOLAMENTO.
Daniel Lima, no prefácio do livro por Bill Lawrence, Jornadas pelo Deserto (Chamada da Meia Noite), escreve:
Períodos de deserto, mais do que um desvio, parecem ser uma estratégia essencial para a formação desses ministros...
Um líder só pode ser considerado experimentado após seu primeiro deserto significativo. (Lima, p. 9 Jornadas pelo Deserto)
Deus usa os desertos em nossas vidas para aperfeiçoar nosso caráter, nos aproximar a Ele e gerar frutos para eternidade!
Moisés, que passou 80 anos de sua vida pernambulando no deserto, resumiu o que deve ser nossa oração diante da brevidade das nossas vidas e o desejo de investir na eternidade:
Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio...
Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus;
confirma sobre nós as obras de nossas mãos,
\sim, confirma a obra das nossas mãos (Sl 90.12, 17).
Ao longo da história do povo de Deus, Ele tem usado o deserto de isolamento para forjar o caráter dos seus líderes:
-José passou anos como escravo e prisioneiro no Egito sendo preparado para salvar a nação de Israel (Gn 50.20). Quando José se encontrava no fundo do poço, duvido que ele imaginava como Deus iria usar aquela experiência, e outras piores, para salvar o povo de Deus!
-Moisés ficou 40 anos no deserto sendo preparado para liderar o povo de Deus durante 40 anos no deserto! Naqueles primeiros 40 anos, ele deve ter imaginado que sua vida acabara, que toda a sua educação no palácio do Egito fora desperdiçada e que ele iria morrer naquele maldito deserto com aquelas ovelhas fedidas.
-Davi pastoreava o rebanho no anonimato, o filho caçula esquecido; anos depois, ele vivia como refugiado perseguido por Saul, antes de se tornar o maior rei na história de Israel. Pouco ele imaginava que Deus estava preparando-o no anonimato para ser o protótipo do Rei Messias.
-Elias passou três anos e meio como fugitivo, escondido no deserto, talvez sentindo-se inútil enquanto Israel padecia como ovelhas sem pastor, só para sair do seu esconderijo para derrubar os profetas de Baal e a religião falsa em Israel.
-Daniel passou a maior parte da sua vida, depois dos 17 anos de idade, como prisioneiro de guerra, numa terra estranha, de cultura, língua e costumes estranhos, nunca mais podendo voltar para casa, para sua terra e seu povo. Mas Deus o destacou e o elevou ao ponto de ser um dos homens mais influentes no mundo e um profeta do Reino soberano de Deus.
-Paulo ficou 3 anos de isolamento na Arábia depois da sua conversão, solidificando sua nova fé em Cristo (Gl 1.17,19). Depois, Deus achou por bem permitir que ele, um dos poucos missionários no planeta, apodrecesse por anos em cadeias. Mas foi da cadeia que escreveu cinco livros bíblicos: Efésios, Colossenses, Filipenses, Filemom e 2 Timóteo.
-João, o discípulo amado, foi exilado para Patmos na sua velhice, de onde escreveu o maior livro de esperança na Bíblia, Apocalipse.
A história da igreja está repleta de ilustrações de como Deus usa o deserto para formar nosso caráter, nos aproximar a Ele e produzir frutos para eternidade. Foi assim com Marinho Lutero no Castelo de Wartburg, onde traduziu o Novo Testamento para alemão, deu impeto para a Reforma Protestante e devolveu a Palavra de Deus ao povo de Deus em sua própria língua. John Bunyan, pregador leigo puritano, passou pelo menos doze anos de sua vida em cadeias, sustentando sua esposa e cinco filhos fazendo cadarços, mas também escrevendo a maior alegoria bíblica e um dos maiores bestsellers na história do mundo, O Peregrino.
Deus usa tempos de isolamento e deserto como anéis de uma árvore: São períodos de solidificação, convicção, fortalecimento, descanso e preparação para grande produtividade para eternidade!
À luz dessa realidade, podemos fazer algumas aplicações para nós mesmos:
1) Não considerar tempos de isolamento, solidão e deserto como um desvio, uma perda de tempo ou interrupção, mas como parte do plano estratégico de Deus em sua vida.
2) Avaliar como Deus quer remir esse tempo em sua vida:
a. Pelo fortalecimento de caráter (dependência, prioridades, humildade, soberania, confiança); pelo reforço de disciplinas de vida e de vida cristã: Hora Silenciosa, culto doméstico, leitura devocional, exercício físico, tempo em família, etc.
b. Pelo investimento em vidas que talvez passariam despercebidas: amigos, mantenedores, discípulos, colegas de escola/serviço.
c. Pelo desenvolvimento de habilidades novas: leitura; tecnologia; música; exercício; etc.
3) Não tentar adivinhar o que Deus há de abençoar; aquietar-se sabendo que Deus é Deus!
Deus usa os desertos em nossas vidas para aperfeiçoar nosso caráter, nos aproximar a Ele e gerar frutos para eternidade!
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