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  • Foto do escritorPr. Davi Merkh

Mulheres de Honra (Ef 5.22-24; Cl 3.18; 1 Pe 3.1-6)


O retrato da Mona Lisa por Leonardo da Vinci cativa a atenção pelo sorriso misterioso da mulher. Da Vinci também ficou famoso pela inovação de novas técnicas artísticas como o uso suave de cor e de sombras, criando uma “aura” misteriosa.

Quando Deus quis nos instruir sobre relacionamentos saudáveis no lar, começou com o retrato de uma mulher de honra com valor inestimável. Nela, a vida de Cristo se manifesta, superando suas tendências naturais pela obra sobrenatural da graça. Essa mulher possui uma “aura” também, criada pelo uso suave do Espírito de pinceladas que traçam a imagem de Cristo na vida da mulher.

Os textos bíblicos que revelam essa pintura são unânimes na descrição desse “ar misterioso” que caracteriza essa mulher: Chama-se um espírito manso e tranquilo, com coração “submisso”.

Infelizmente, se existe um “palavrão” na sociologia da família hoje, é a “submissão”. A polémica normalmente inclui debates entre dois extremos igualmente desequilibrados: Alguns erram ao lado do feminismo radical, clamando por uma libertação generalizada de mulheres da opressão masculina; outros erram com um “neomachismo” que justifica um domínio masculino que também não encontra respaldo nas Escrituras.

Três textos clássicos tratam especificamente do retrato da mulher de honra no contexto do lar (Ef 5:22-24, Cl 3:18, 1 Pe 3:1-6). Ela reflete a imagem outrocêntrica de Cristo quando desempenha seu papel no lar pelo poder do Espírito. Em Cristo, a mulher pode ser a “Eva” que a primeira Eva nunca foi.

Vamos preparar a tela, descobrindo o que a submissão da mulher NÃO significa antes de passar para o ensino bíblico sobre esse assunto controvertido.

O Que a Submissão da Mulher NÃO Significa

1. A submissão não é uma responsabilidade exclusiva da mulher. Efésios 5:21 deixa claro que, como fruto da plenitude do Espírito em nossas vidas (Ef 5:18), todos nós temos uma responsabilidade de submissão mútua: “Sujeitando-vos uns aos outros”.

Todos nós vivemos debaixo de autoridade. O Espírito de Deus produz um “alinhamento” (sentido literal do verbo grego) no Corpo de Cristo (e especialmente na familia) através de autoridades em nosas vidas a quem nos submetemos. À luz das Escrituras, submissão se vê de:

-Todos para Deus (Tg 4.7; Hb 12.9)

-Cidadãos para o governo (Rm 13.1,5; 1 Pe 2.13; Tito 3.1)

-Ovelhas para Pastores (Hb 13.17; 1 Co 16.16)

-Jovens para os mais velhos (1 Pe 5.5)

-Esposas para maridos (Ef 5.22ss; Cl 3.18)

-Filhos para pais (Ef 6.1-3; Cl 3.20)

-Servos para mestres (Ef 6.5, Cl 3.22)

Pr. Jeff Dryden afirma que “Submissão é o sabor do cristianismo”.

2. A submissão não significa a inferioridade da mulher. Alguns, infelizmente, têm interpretado o ensino bíblico sobre submissão como se significasse a inferioridade da mulher. Mas submissão feminina é, acima de tudo, uma questão funcional, não “essencial” (da “essência” do que significa ser mulher).

Deus criou o homem E a mulher à imagem dEle (Gn 1:27). Criou a mulher justamente para socorrer o homem e complementá-lo onde ele estava carente (Gn 2:15-18; veja Gl 3:28). Na Palavra de Deus encontramos mulheres mais corajosas que os homens (Débora X Baraque), mais capazes como comunicadoras da Palavra que seus maridos (Priscila e Áquila) e mais comprometidas com Jesus (Maria, Marta e companhia em contraste com os apóstolos na crucificação e ressurreição de Jesus).

Somente quando todos nós “entramos na linha” é que haverá relacionamentos saudáveis no lar. Assim como as várias peças de uma dobradiça têm sua própria função – hastes, anéis, pino central – e precisam ser encaixadas para que uma porta revolve direito, sem “chiar”, da mesma forma esposas, maridos, pais e filhos precisam submeter-se a Deus e uns aos outros no desempenho de seus respectivos papéis no lar. O metal que forma a dobradiça é igual no ser, mas diferente no fazer. Hierarquia e submissão não implicam em inferioridade, mas em distinção funcional.

3. Submissão da esposa não é para todos os homens em todos os contextos. Tenho ouvido vários homens falando como se todas as mulheres fossem subservientes a eles. Mas o texto bíblico é unânime e claro ao declarar não menos de QUATRO vezes que submissão é da esposa ao seu próprio marido (Cl 3:18, 1 Pe 3:1, Ef 5:22, Tt 2:2-5). O jovem namorado não tem direito nem razão em exigir “submissão” da parte de sua namorada, assim como um homem não tem direito de “mandar” na esposa de outro.

A ordem bíblica aplica-se ao lar e, conforme alguns outros textos bíblios, àlgumas situações de liderança na igreja. Mas nada na Palavra justifica uma aplicação de “submissão feminina” ao contexto político, empresarial ou social. Tomemos cuidado para falar o que a Palavra fala, não mais nem menos.

4. A submissão não significa escravidão. Jesus chamou o homem para liderar o lar com amor sacrificial, e exemplificou essa liderança amorosa pela vida de servo. Infelizmente, o movimento feminista tem escravizado as mulheres, “libertando-as” para uma vida em que não somente ganham o pão de cada dia, mas também continuam cuidando de boa parte do serviço da casa.

Alguns homens têm contribuído para esse quadro. Interpretam a frase “auxiliadora idônea” de Gênesis 2:15-18 como “capacho eficiente”, quando de fato significa que a mulher complementa o homem. Ela é diferente-mas-semelhante ao homem, para poder socorrê-lo em suas necessidades.

5. A submissão não implica em autonomia masculina no lar. Submissão no lar não significa que o homem toma todas as decisões independentemente de qualquer consulta, palpite ou opinião dos outros membros da família. Conforme 1 Coríntios 11.11, homem e mulher são INTERDEPENDENTES e não INDEPENDENTES um do outro: No Senhor, todavia, nem a mulher é independente do homem, nem o homem, independente da mulher.

O Que Significa a Submissão da Mulher

Agora com a tela preparada, podemos acompanhar a pintura do retrato da mulher de honra à luz dos principais textos bíblicos. Vejamos, então, o que a submissão feminina significa.

1. A submissão se oferece pela mulher ao próprio marido. Colossenses 3:18 e Efésios 5:22 falam diretamente às esposas. Infelizmente, muitos homens têm interpretado o texto como se fosse a responsabilidade deles manter suas esposas “na linha”. Mas Deus chama as mulheres para sua responsabilidade de “alinhar-se” debaixo da liderança de seus próprios maridos.

Seria um contra senso falar de “submissão exigida” pelo marido, e não submissão oferecida a ele pela mulher. Soa tão ridículo como a pessoa que fala “Exijo que você me ame espontaneamente!” Submissão exige uma obra do Espírito Santo no coração da mulher. É uma questão entre a mulher e Deus, ou seja, trata-se de um alinhamento vertical debaixo do Senhor, que resulta num alinhamento debaixo da liderança do marido.

Não adianta o homem insistir em submissão. Cabe a ele orar para que Deus transforme o coração de sua esposa. Semelhantemente, a mulher que tem um marido que fica pressionando-a para “submeter-se” a ele precisa primeiro avaliar o coração dela diante de Deus para depois procurar ser a mulher de espírito manso e tranquilo (1 Pe 3:1-6).

2. A submissão da esposa é uma ordem, não uma opção. Mesmo sendo algo oferecido ao marido pela mulher, o ensino bíblico nos lembra de que submissão é uma ordem. Essa, a segunda pincelada do Artista no retrato da mulher submissa, deixa claro que submissão é primária e principalmente uma questão entre a mulher e Deus. Em Colossenses 3.18, a ordem de submeter-se está no tempo presente, ou seja, trata-se de um dever contínuo e não somente ocasional. Deus não necessariamente chama a mulher para entender o plano divino, mas, sim, obedecê-lo. Podemos afirmar que há grande perigo para qualquer membro da família que rejeita a receita divina para relacionamentos saudáveis no lar.

Alguns alegam que tal ordem foi uma acomodação à cultura daquela época. Infelizmente, esse argumento não tem base. O ensino bíblico quanto ao papel da mulher é unânime, transcultural e transtemporal, desde a criação, depois da queda, antes e depois da Lei, antes e depois da Cruz de Cristo. Paulo e Jesus não eram machistas como alguns afirmam. Pelo contrário, ambos eram radicais extremistas em termos da liberdade e atenção oferecidas às mulheres numa cultura altamente pré-conceituada. Protegeram e elevaram o “status” das mulheres através do seu ensino sobre a santidade do casamento, a preservação da dignidade sexual da mulher e sua igualdade com o homem no que disse respeito sua posição em Cristo.

3. A submissão significa alinhar-se debaixo do marido. O terceiro “toque” do Artista define a submissão. A etimologia da palavra “sub-missão” NÃO se deriva da ideia de uma “missão inferior”, como se a tarefa dela fosse menos importante que a do homem. Também não concordamos com aquele que definiu submissão como “a arte de saber quando agachar-se para que Deus desse um soco em seu marido!”

O verbo grego traduzido como “submissão” traz a ideia de “colocar-se em ordem atrás”. O termo original aparece muitas vezes em contextos militares e trata-se de um alinhamento hierárquico a bem do exército.

Vi uma ilustração clássica disso quando assisti a cerimônia em que nosso filho Daniel se formou da escola de oficiais da Aeronáutica Americana. Ao descer do palco com as barras de segundo-tenente nos ombros, ele defrontou-se com um soldado sargento-mestre. Aquele homem de quase 40 anos de idade, 20 anos de experiência, missões no Iraque, Afeganistão e no Golfo Pérsico, tinha medalhas enchendo o peito e listras subindo e descendo da manga da sua farda. Mas aquele soldado, que havia atingido o toptopo da sua carreira militar, levantou-se e deu continência para meu filho de 23 anos.

Fiquei abismado e comentei com meu filho a respeito. Mas ele explicou que aquele homem tinha como objetivo principal fazer da carreira do seu oficial – neste caso, meu filho - um sucesso. Claro que ele aquele homem tinha mais experiência, mais perícia, mas conhecimento militar. que meu filho naquela altura. Meu filho seria um tolo se não encostasse naquele homem e consultasse com ele antes de tomar qualquer decisão. Mas em determinado momento, alguém teria que tomar uma decisão, e isso cabia ao oficial – meu filho. Aquele soldado iria segui-lo até a morte, sem nunca reclamar, “Não te disse!”

Quando presenciei aquela cena, pensei comigo, “É assim nos relacionamentos saudáveis do lar!” Pela graça de Deus, sou casado com uma “sargento-mestre”!

O homem precisa assumir seu lugar como líder, delegando, mas não abnegando sua responsabilidade. A mulher precisa andar junto com o marido, seguindo-o e complementando-o desde que ele não exija que ela desobedeça aos padrões divinos. Jovens precisam tomar muito cuidado para não se casarem com alguém com quem não poderão alinhar-se eficientemente, como líder amoroso masculino ou auxiliadora respeitosa feminina.

4. A submissão bíblica significa respeitar o marido. Alinhar-se debaixo de outra pessoa “de boca para fora”, sem o devido respeito por dentro, cheira hipocrisia. Como sempre, Deus está mais interessado no coração da mulher do que no mero rito de “submissão”. Submissão sem respeito é como obediência sem honra. Vemos isso claramente na criação de nossos filhos. Se não atingirmos o coração da criança, produzimos hipocrisia.

Efésios 5:33 resume toda a discussão sobre o papel da mulher com a palavra “respeito”. Da mesma forma como a igreja deve ser submissa a Cristo, a esposa deve se submeter ao seu marido, com essa atitude de coração. A palavra original traz a ideia de “temor” (“que a mulher tema o marido”), não no sentido de ficar encurvada e tremendo diante dele, mas num relacionamento profundo e íntimo de honra e consideração, assim como na frase “o temor do Senhor”.

1 Pedro 3:1-6 também reflete esse aspecto interior de submissão. Deus valoriza o espírito manso e tranquilo da mulher, especialmente na submissão diante de um marido que, humanamente falando, talvez não mereça tanto respeito. O respeito não é necessariamente porque o marido é digno, mas pelo fato de que Deus o constituiu como líder do lar. Não é respeito tanto pela pessoa, mas, sim, pela posição dada por Deus. Essa é a mesma posição bíblica quanto à submissão do cristão diante das autoridades civis, sejam justas ou injustas, por serem estabelecidas por Deus.

5. A submissão bíblica requer uma obra sobrenatural no coração da mulher. O último toque do Artista acrescenta a ideia de submissão “como convém no Senhor” (Cl 3:18). A frase lembra-nos de que o padrão é celestial. Efésios 5.18 inicia toda a discussão sobre papéis no lar com a ordem “Enchei-vos do Espírito”. Somente uma obra do Espírito pode produzir a vida de Cristo na mulher, que passa a ser a “Eva” que a primeira Eva nunca foi.

Temos que admitir que tudo que Deus pede para relacionamentos saudáveis no lar está fora da nossa capacidade natural. A mulher não se submete ao marido natural e espontaneamente. Da mesma forma, a natureza do homem não é de amar sacrificialmente sua esposa, mas de explorá-la e usá-la para seus próprios fins egoístas.

Desde a Queda a tendência da mulher tem sido tentar superar o marido, não sendo “auxiliadora idônea” que o complementa, mas alguém que compete com ele (Gn 3.1-6, 16). Então, se a tendência natural da mulher é de resistir a liderança do marido, e se a tendência natural do homem é de subjugar a mulher, como podemos voltar ao padrão bíblico de complementação, harmonia, e paz no lar? A resposta está no poder sobrenatural e espiritual vindo como fruto da obra de Cristo na cruz. Em Cristo, as tendências velhas foram vencidas e tudo se fez novo.

Essa é a única esperança para o lar - uma obra sobrenatural em que a vida de Cristo está reproduzida dia após dia na vida tanto do homem como da mulher. Esse retrato vale mais que qualquer pintura famosa na história do mundo. É a pintura do Artista divino da mulher de honra.

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