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  • Foto do escritorPr. Davi Merkh

Menos pode ser Mais


Certa vez um amigo criticou a ideia do ministro tirar férias. “O diabo não tira férias” ele comentou. Ao que respondi “Não quero ser como o diabo!”

Deus não é ativista, muito menos carrasco senhor de escravos. Já na obra da criação, Ele teceu o desenho de um dia de descanso em cada semana como parte do tecido do universo. Para Seu povo Israel, Deus exigia festas e feriados que interrompiam o calendário judaico com períodos de reflexão e celebração. Havia pelo menos sete festas especiais durante o ano, em que Deus exigia que o povo separasse até uma semana para celebrações, lembranças, cultos especiais e festas, com muita alegria e muita reflexão.

Para o ativista, feriados e folgas e festas talvez pareçam uma perda de tempo. Mas são oportunidades de pararmos para lembrar que não somos Deus, que Ele é o foco de tudo que fazemos, e que sem Ele, nada podemos fazer. Em outras palavras, que “menos” pode ser “mais”.

Em períodos de “férias forçadas”, isolamento social, quarentena, pandemia, doença, desemprego e mais, também somos forçados a lembra que somos SERES humanos e não FAZERES humanos!

Na leitura dos Evangelhos observamos a SIMPLICIDADE da vida de Jesus. Jesus ficava livre de preocupações para ministrar, ensinar e cuidar de pessoas. Jesus sabia “correr com calma”. Parece-me que Jesus vivia o que o autor de Hebreus descreve quando fala da maratona da vida cristã: “Desembaraçando-nos de todo peso...que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta” (Hb 12.1). Na vida de Jesus, menos era mais!

Vejo pelo menos três áreas nas Escrituras onde essa idéia de “menos” pode ser “mais”. Se sua vida parece complicada demais, sugiro que reflita nestas áreas:

I. Menos Correria e Mais Cristo (Lc 10.38-42)

Na história de Marta e Maria, identifico-me com a Marta. Mas entendo que na escala de valores divinos, Maria escolheu o que era melhor. Escolheu Cristo acima da correria. Marta queria fazer mais PARA Cristo. Maria queria mais DE Cristo. Marta ficava exausta, porque ministrava em sua própria força. Perdeu de vista o alvo do seu serviço que era Jesus. Jesus Cristo estava na sua sala de estar e ela não parava de descascar batatas e lavar panelão!

Como se não bastasse, Marta, como tantos de nós, olhava ao seu redor, fazia comparações, e exigiu que sua irmã fosse igual a ela. Criticava sua irmã e criticava o próprio Senhor Jesus! Acusou-O de não se preocupar com ela. Demonstrou um coração intolerante, impaciente, inquieto e insatisfeito. Pessoas que ocupam todo o seu tempo “no serviço do Senhor” mas que esquecem do Senhor do serviço muitas vezes acabam assim. Demandam mais e mais dos outros. Andam inquietas, intolerantes e impacientes.

Mas Jesus não tolera nada disso. Não permite que as Martas dessa vida tirem das Marias sua alegria: Marta, Marta, andas inquieta e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada. (Lc 10.41,42).

Para Jesus, menos era mais. É tão fácil na obra do Senhor perder nossa perspectiva, nosso rumo e fazer da obra nosso Deus. Mas a obra do Senhor começa com o Senhor! Comunhão com Cristo é o ponto de partida para fazer a obra de Cristo. Conhecer a Cristo é essencial para saber o que Cristo quer que façamos.

Você é mais como Marta ou Maria hoje? Será que Jesus Cristo está esperando na sua sala de estar e você está lavando panelão? Você se esqueceu dEle? Perdeu aquela comunhão gostosa com Ele? Parou de conversar com Ele? Parou de realmente adorá-lo? De sentar aos seus pés para ouvi-lo? Você perdeu sua alegria? Anda tão ocupado que fica olhando ao seu redor criticando seus colegas, seus irmãos, reclamando porque você tem tanto trabalho para fazer, exigindo aplauso e reconhecimento? Foi-se seu primeiro amor?

Marta era assim. Mas Jesus falou, “Menos é mais”. “Sirva-me, mas conheça-me primeiro.”

II. Menos Livros e Mais Do LIVRO (Ecl 12.9-14)

O povo evangélico é um povo que gosta de livros. Nos últimos 20 anos temos visto uma verdadeira explosão na produção de literatura evangélica. Como autor (e leitor!) acho isso fantástico. Deus é um Deus literário!

Mas existe um perigo muito grande nisso. Podemos correr para livro após livro antes de ir para O LIVRO.

O Pregador, autor de Eclesiastes, escreveu vários livros (Provérbios, Eclesiastes e Cantares). Mas, sabia que livros têm suas limitações (12.12). O que precisamos mais que livros é o conhecimento do Livro e do seu Autor (12.13,14).

Pedro nos dá essa ordem: Desejai ardentemente, como crianças recém nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação (1 Pe 2.2).. Em Deuteronômio 4.4 lemos Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Josué também diz: Não cesses de falar desse livro da lei, antes medite nele de dia e de noite (Js 1.8).

Certa vez alguém comentou: “Ou esse livro vai nos afastar do pecado ou o pecado vai nos afastar desse livro”.

É muito bom lermos a Bíblia inteira, de preferência, com regularidade. Mas não existe nenhum prêmio especial no céu para quem leu a Bíblia mais vezes. Não importa quantas vezes você leu a Bíblia inteira, tanto quanto o número de vezes que a Bíblia leu a você!

Com a multiplicidade de livros no mercado evangélico, corremos o risco de ler muitas palavras SPBRE Deus, sem ler as palavras DE Deus. Alguns fariam bem se fizessem um jejum de leituras paralelas, até mesmo de livros SOBRE a Bíblia, para ler mais A BÍBLIA!

III. Menos para Coisas e Mais para a Causa (Lc 12.13-34)

Nossas vidas ficam entupidas de bugigangas que não passam de lixo no esquema eterno. Somos estressados, exaustos e estrangulados pelas coisas (e endividados para adquiri-los!)

Certa vez um homem de negócios dos EUA foi passar férias no México. Encontrou um homem pescador à margem de um rio. O pescador tinha pego vários peixes grandes. O americano, impressionado, sugeriu que o pescador usasse mais que uma vara para pegar mais peixes.

-“Porque?” perguntou o mexicano.

-“Assim, você poderá pegar ainda mais peixes e depois vende-los na vila.”

-“Porque?” o pescador perguntou.

-“Para poder ter lucro, e comprar mais equipamento, talvez um barco e uma rede.”

-“Por que?” continuou o pescador.

-“Para contratar uma equipe de pescadores, entrar no alto mar, abrir uma fábrica e exportar peixes internacionalmente.”

-“Mas, por que?”

-“Para poder ganhar muito dinheiro, aposentar-se, comprar uma casa ao lado de um belo rio, e fazer o que você quiser o dia inteiro,” respondeu o americano, frustrado.

-“Mas é isso que faço agora!” disse o mexicano, confuso.

Lucas 12.13-23 conta a história de um fazendeiro rico nos moldes do empreendedor acima, que só pensava em maior e melhor. Mas esqueceu de que um dia prestaria contas ao Senhor. Vivia sua vida para o “aqui e agora” e esqueceu-se da realidade da eternidade.

A história aponta o perigo de ser possuído pelas nossas posses. Quanto mais temos, mais nos preocupamos com a manutenção dos nossos pertences! Salomão faz uma observação interessante sobre o paradoxo das riquezas. Provérbios 13.8 diz, Com as suas riquezas se resgata o homem, mas ao pobre não ocorre ameaça!

Cabe a cada um de nós perguntar a si mesmo, “Onde eu posso simplificar minha vida? O que está complicando meu andar com o Senhor? Onde “menos” pode significar “mais”?” Faríamos bem se nos “desembaraçássemos” de coisas que tiram nosso foco no Senhor.

Para quem não quer ser como o diabo, é bom tirar férias. Mas também é bom fazer uma avaliação periódica da nossa vida para descobrir onde “menos” pode ser “mais.”

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