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  • Foto do escritorPr. Davi Merkh

Como Dar aos Filhos (e a nós mesmos) um Coração Voltado para Deus


Ser criado num lar cristão constitui um dos maiores privilégios que o ser humano pode experimentar. Conhecer a Cristo cedo na vida, ficar cercado por pessoas que amam a Deus e nos amam, aprender as Escrituras desde cedo - são presentes preciosos de valor inestimável.

Mas, para muitos de nós que fomos criados assim, também existem perigos. Eu abracei a Jesus como meu Salvador antes dos sete anos de idade. Não fui salvo de uma vida de vícios, violência ou perversão sexual. Só que, mais tarde na minha vida com Cristo, ficou difícil sentir a magnitude da minha conversão como um milagre tão grande quanto aqueles testemunhos mais chocantes que eu ouvia. Custava para eu entender que eu também era miserável pecador e que o milagre da minha salvação (e que me protegeu daqueles pecados considerados por alguns como mais pesados) era tão grande ou maior. Por isso, às vezes a vida cristã parecia monótona e cansativa.

Um fenómeno cada vez mais comum e assustador são filhos de pais piedosos que não têm paixão por Deus, pela Igreja ou pela fé. São crentes mornos na melhor das hipóteses, ou perdidos, na pior. Aprenderam cedo as regras do jogo cristão e sabem jogar muito bem. Mas seu coração está longe de Deus. Fica difícil voltar ao “primeiro amor” quando nunca tivemos um “primeiro amor”.

Como reverter esse quadro? A chave está no conhecimento da carência do meu coração, da sua verdadeira natureza, para depois apreciar a obra de Cristo por mim.

No livro de Romanos, Paulo faz questão de mostrar que TODOS pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3.23). TODOS nós somos miseráveis pecadores, e continuamos lutando contra nossa natureza pecaminosa mesmo depois de salvos (Rm 7.24)! Paulo aponta ao fato de que nossa crítica e condenação dos “pecadores” ao nosso redor já constitui uma condenação da miséria do nosso coração:

És indesculpável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque, no que julgas a outro, a ti mesmo te condenas, pois praticas as próprias coisas que condenas… Tu, ó homem, que condenas aos que praticam tais coisas e fazes as mesmas, pensas que te livrarás do juízo de Deus?…tu, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo? Tu que pregas que não se deve furtar, furtas? Dizes que não se deve cometer adultério, e o cometes? Abominas os ídolos, e lhes roubas os templos? (Rm 2.1,3, 21,22).

TODOS, inclusive as pessoas “boas” que vêm de um lar “moral”, estão mortos em seus delitos e pecados sem Cristo (Ef 2.1-4). Um cadáver congelado na Sibéria é tão morto como um defunto exposto ao sol amazônico, mesmo que um feda muito mais que o outro. “Morto” é “morto”.

Muitos dos que foram criados em lares cristãos não apreciam a seriedade da sua situação quando estavam “sem Cristo”. Afinal de contas, não são tão ruins como outros ao seu redor. Mas o padrão de avaliação divina não é EXTERNA, mas INTERNA; não HORIZONTAL, mas VERTICAL; não baseado em COMPARAÇÃO com aqueles ao seu redor, mas na realidade do seu próprio CORAÇÃO.

Quando alguém não sente fome e sede de Deus e Sua Palavra; quando o culto é uma canseira; quando a vida cristã parece rotineira e monótona; quando só se pratica as “disciplinas” da vida cristã por obrigação e não por devoção, algo está errado.

Existe uma boa possibilidade de que o problema principal seja a falta de conhecimento da necessidade do seu coração. Mesmo como um salvo em Cristo Jesus, se alguém não vive ciente da profunda carência do seu coração, dificilmente experimentará a alegria profunda da obra de Cristo na cruz. Se não mantiver a santa tensão entre o quebrantamento pelo pecado e a exultação pela obra de Cristo, dificilmente encontrará a paixão do primeiro amor por Ele.

A chave está em reconhecer que sou tão pecador como qualquer outro, capaz de cometer qualquer pecado que outros cometem, mas que fui resgatado pelo sangue de Jesus. Só assim é que podemos começar a apreciar a infinita misericórdia e graça de Deus derramada sobre mim em Cristo.

Mas, como os pais que amam a Deus podem trabalhar para repassar sua paixão pelo Evangelho aos filhos? Certamente não há garantias, muito menos fórmulas, mas algumas sugestões podem nos ajudar:

1) Como pai, não se contente com mera obediência externa, mas trabalhe para sondar atitudes de coração. Obediência bíblica é imediata, inteira (por completo) e INTERNA. Os pais têm a tarefa de expor a carência do coração do filho, espelhando seus defeitos e apontando para Cristo.


2) Fique atento para sinais de mornidão espiritual e sonde o coração do seu filho. Dialogue com ele e mostre-lhe sua preocupação.


3) Procure dar ao seu filho uma visão da glória de Deus, aproveitando os momentos corriqueiros para apontar Sua bondade, graça, sabedoria, soberania e providência.


4) Envolva os filhos (a família toda) no serviço a outros. Exponha-os a realidades de privação que tendem a por em relevo o egoísmo, a vaidade e os ídolos de nossos corações.


5) Fique atento para atitudes de autossuficiência, comparação, julgamento, e rebeldia passiva – sintomas de um coração orgulhoso que precisa da graça de Jesus.


6) Leve a sério alertas vindo de terceiros sobre o comportamento dos seus filhos – professores, parentes e líderes. Avalie bem o que ouve, mas não defenda seu filho sem primeiro sondar a fundo as críticas.


7) Clame a Deus que Ele faça o necessário para revelar a você e ao seu filho sua real necessidade de Cristo Jesus, para que Ele e o Evangelhos se tornem preciosos para ele.


8) Aproveite momentos oportunos, como na disciplina, em cultos domésticos e naqueles momentos quando o filho abre seu coração, para apontar a Cristo e Sua obra na cruz.

Talvez o maior privilégio de ser criado num lar cristão é a oportunidade de aprender, desde cedo, “sem Cristo, nada podemos fazer”. Tanto nós, como nossos filhos, precisamos de lembranças constantes da nossa incapacidade sem Cristo, para viver uma vida apaixonada por Cristo.

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