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  • Foto do escritorPr. Davi Merkh

A Bênção da Fragilidade Humana


CUIDADO! FRÁGIL! A etiqueta estava estampada em toda a mala, mas quando foi aberta, ficou óbvio que quem dela cuidou durante a nossa viagem não tinha dado a mínima para seu conteúdo delicado. Estava tudo em pedaços.

A etiqueta que acompanha bagagem com conteúdo sensível também poderia ficar estampada na testa de todo ser humano. Somos frágeis e fracos.

Ninguém gosta de ser considerado fraco ou frágil. Queremos mostrar que somos “mais que vencedores”. Afinal de contas, se só os fortes sobrevivem, como os evolucionistas maquiavélicos afirmam, não quero ficar como os dinossauros.

Infelizmente, a doutrina da auto-suficiência, auto-determinação e auto-promoção do homem que é promovida mundo afora, já encontrou amplo espaço dentro da igreja. Teologias de prosperidade, reivindicação de direitos (que endeusam o homem e humanizam a Deus), pensamento positivo (“suas palavras têm poder”), técnicas motivacionais para destrancar o potencial latente em você, sobrepujaram a teologia da humildade de coração e quebrantamento de espírito.

Nossa vida está pendurada por um fio. Até um bicho sub-microscópico é capaz de parar o mundo inteiro!

Recentemente tenho sido lembrado (e chocado) pela fragilidade do ser humano…

-um irmão em Cristo de repente acomotetido por um câncer agressivo

-um jovem da igreja, assaltado e baleado pelo rosto, que por uma questão de centímetros não foi ceifado

-um amigo que perdeu controle do veículo numa pista escorregadia e caputou o carro

A nossa susceptibilidade ao pecado também nos lembra da fragilidade do espírito humano. Ver colegas, amigos, pastores e líderes espirituais destruírem suas famílias, seus ministérios e, às vezes, suas vidas, em troca de alguns momentos de prazer, nos assusta demais. Ainda mais, quando reconhecemos que, não fosse a graça de Deus, lá estaríamos nós...

A fragilidade do ser humano percebe-se também na arena das emoções. O “estresse” da vida moderna deixa a maioria à beira da estafa. Só falta “a gota que faz transbordar o copo” para levar alguns à depressão profunda, doença psicossomática ou explosões de ira que aparentemente surgem “do nada”.

Mas não só as tragédias revelam nossa fragilidade. Pequenas lembranças todos os dias nos forçam a reconhecer que não passamos de pó (Sl 103.14):

-uma dor de dente ou afta na boca muda todo o nosso humor

-o deslize de uma pequena vértebra lombar nos imobiliza por dias

-um virus quase invisível paralisa nossas vidas

Nada disso deve surpreender o leitor da Palavra de Deus. A fragilidade humana faz parte da vida depois da Queda. Somos, de fato, pó (Gn 3.17-19), que somente a graça de Deus consegue moldar em vasos de honra (2 Co 4.7), para que Ele, o Oleiro, receba toda a glória. Essa é a bênção da fragilidade, que nos lembra que a nossa suficiência não vem de nós, mas de Deus.

-Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus (Mt 5.3)

-Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra (Mt 5.5)

-Pois Ele conhece a nossa estrutura, e sabe que somos pó (Sl 103.14)

-Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus (2 Co 3.5)

A boa notícia é que são justamente os humildes que qualificam como candidatos para receber uma enxurrada da graça de Deus! Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça (2 Pe 5.5)

Porque assim diz o Alto, o Sublime, que habita a eternidade, o qual tem o nome de Santo: Habito no alto e santo lugar, mas habito também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos, e vivificar o coração dos contritos. (Is 57.15)

-Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve. (Mt 11.28-30).

Celebremos a bênção da fragilidade humana. Ela nos impulsiona à suficiência de Deus na cruz de Cristo e faz com que a única explicação pelas nossas vidas seja o poder dEle: “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao Teu nome dá glória (Sl 115.1)! Ela nos lembra de que essa terra não é nosso destino final (Rm 8.18, 2 Co 4.17). E transforma-nos em instrumentos da Sua graça, vasos quebrados, mas que revelam a excelência do Seu poder (2 Co 1.3-6).

Graças a Deus, Ele lembra que somos frágeis, e cuida de nós. Obrigado, Senhor, pela fragilidade humana.

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